Iniciativa prevê gestão coletiva entre os quatro grandes do Rio e indica que Governo arcaria com parte dos custos
Assim como Flamengo e Fluminense, o Vasco formalizou interesse em participar da gestão do Maracanã. A proposta do clube de São Januário, porém, tem uma novidade: que os clubes formem um consórcio e façam a gestão conjunta do estádio. A minuta da iniciativa – que já tem o sinal verde inicial do Flamengo – foi entregue ao Governo do Estado na última semana. No modelo proposto, parte dos gastos seria subsidiada pelo poder público.
A ideia é que os clubes formem uma entidade administrativa (Maracanã Carioca S.A.) e elejam um Conselho de Administração composto por onze membros, sendo um indicado pelo Estado, oito escolhidos pelos quatro grandes clubes do Rio (dois de cada) e dois membros independentes indicados em conjunto. A presidência do conselho seria rotativa, com mandatos de um ano de duração.
A operação dos jogos seria feita por cada clube, e o calendário de uso discutido entre eles. A arrecadação com as partidas seria feita de acordo com a participação dos clubes, visando a diminuir os custos fixos atualmente cobrados pelo consórcio encabeçado pela Odebrecht. Não está na proposta, mas outro objetivo é diminuir o pagamento de taxas à Federação do Rio.
Maracanã pode ser gerido pelos quatro grandes clubes do Rio — Foto: Alexandre Loureiro/BP Filmes
Uma parte dos lucros, no entanto, seria destinada a investimentos a serem determinados em contrato.
– Nós entendemos que os clubes não precisam de intermediários. Os clubes sabem operar os jogos, conhecem a operação de jogo, e eu não vejo a necessidade de ter um intermediário. Alguém está ali simplesmente tirando uma fatia do bolo, bolo esse que deveria ser repartido somente entre os clubes e pela federação – pontuou o presidente do Vasco, Alexandre Campello.
O dirigente afirmou desconhecer os custos gerais do estádio. Segundo ele, o Estado ainda não detalhou todas as despesas. Mas Campello adiantou que entende que o poder público deve arcar com parte do custo do estádio.
– Acho que o Governo deve, sim, de alguma forma participar dessa gestão, não arcando com todo o ônus, mas de alguma maneira contribuindo para o que o Maracanã, que é um bem do povo, sirva ao povo, sirva aos grandes espetáculos e ao futebol – disse.
Campello prega fim de intermediários na administração do Maracanã — Foto: Bruno Giufrida
Nas últimas semanas, Flamengo e Fluminense também fizeram propostas para assumirem a gestão do Maracanã, mas não mencionaram uma parceria entre clubes. A diretoria do Rubro-Negro, entretanto, confirmou que está conversando com o Vasco.
Eles terão a concorrência de um consórcio formado por três empresas privadas, entre elas a Bravo Alive, que faz a gestão do Allianz Parque, estádio usado pelo Palmeiras. As outras duas são a Time for Fun e Golden Goal.
O Governo do Estado fixou prazo até a próxima quinta, às 12h, para receber propostas de interessados. O resultado será conhecido no dia seguinte, até as 17h. O que se discute, neste momento, é a gestão pelos próximos seis meses. Neste período, o Governo vai avaliar o futuro a longo prazo do estádio.
Neste período de breve concessão, o Maracanã sediará partidas da Copa América e de competições nacionais.
Rompimento entre Governo e consórcio
No último dia 18, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou o rompimento com o consórcio que gere o Maracanã, liderado pela Odebrecht.
Segundo Witzel, foi determinante para a decisão o não pagamento da outorga pelo consórcio, além do mesmo não ter apresentado garantia de quitação de débitos em caso de contratempo. As dívidas desde maio de 2017 chegam a R$ 38 milhões.
Desde então, o Governo passou a receber propostas dos interessados pela administração do Maracanã, inicialmente pelos próximos seis meses.