Presidente do Peru anuncia renúncia de primeiro-ministro e expõe racha no governo

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Chefe do gabinete era um nome mais à esquerda no governo de Pedro Castillo, que tenta conquistar a confiança dos parlamentares e do mercado financeiro com um tom mais moderado. Pedro Castillo, presidente do Peru, acena com o então primeiro-ministro Guido Bellido durante evento em Ayacucho em 29 de julho
Angela Ponce/Arquivo/Reuters
O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou nesta quarta-feira (6) a renúncia do primeiro-ministro e de todo o gabinete ministerial. A decisão ocorre apenas dois meses depois de ter assumido o cargo, em uma mensagem inesperada transmitida pela televisão estatal para todo o país.
“Informo ao país que no dia de hoje aceitamos a renúncia do presidente do Conselho de Ministros, Guido Bellido Ugarte, a quem agradeço pelos serviços prestados”, declarou Castillo durante o breve pronunciamento.
Na prática, o primeiro-ministro peruano atua como se fosse um chefe da Casa Civil, em comparação com o cargo existente no Brasil. Pelas leis peruanas, quando um premiê cai, o restante dos ministros também deve ser trocado.
Cisão na esquerda
De chapéu, presidente Pedro Castillo participa com ministros de parada militar no dia da Independência do Peru em 30 de julho
Sebastian Castaneda/Arquivo/Reuters
O movimento foi lido como uma cisão no governo: Bellido era da ala ainda mais à esquerda do mandato, enquanto Castillo tem adotado um tom mais pragmático.
O atual presidente peruano se elegeu em junho com discurso bastante crítico ao capitalismo e a favor de um nacionalismo econômico, em contraste com a candidata derrotada, Keiko Fujimori, bem mais à direita e favorável a um mercado mais aberto.
Para se ter uma ideia, o anúncio do nome de Bellido como chefe de gabinete do governo peruano em julho fez a moeda local, o sol, cair 7%.
Além disso, com a renúncia, Castillo deve evitar ao menos por enquanto uma pressão ainda maior no Congresso, presidido pelo partido de direita Ação Popular. Isso poderia travar o governo e até colocar em risco o restante do mandato do presidente.
“O equilíbrio de poderes é a ponte entre a lei e a democracia. Votos de confiança, audiências no congresso e moções de censura não devem ser usadas para gerar instabilidade política”, advertiu Castillo, citando instrumentos legais que paralisam o governo peruano no Congresso.

Fonte: G1 Mundo