Cargueiro com bandeira da Libéria tinha como destino os portos de Antuérpia, na Bélgica, e Roterdã, na Holanda. Navio foi levado para o porto de Dunquerque, na França, onde foi invadido. Imagem da sede do porto da Antuérpia
Reprodução/Port of Antwerp
O organismo francês de combate ao narcotráfico Ofast tenta desvendar um misterioso embarque de 1,127 tonelada de cocaína ocorrido no Brasil em setembro, em um navio que tinha como destino os portos de Antuérpia, na Bélgica, e Roterdã, na Holanda.
A droga estimada em € 40 milhões (cerca de R$ 250 milhões) não chegou a quem fez a encomenda porque o cargueiro com bandeira da Libéria foi interceptado pela polícia marítima francesa em 1° de outubro e levado para o porto de Dunquerque, na França.
A história envolvendo o cargueiro “Trudy” daria um roteiro de filme policial. O jornal “Le Parisien” reconstituiu a investigação nesta quarta-feira (13) após ter tido acesso aos depoimentos da tripulação.
A embarcação transportava um carregamento de caulim, um tipo de argila muito branca usada na indústria de cerâmica e porcelana.
Quando decidiram vistoriar o navio de 180 metros de comprimento no início do mês, apesar da centena de compartimentos, os policiais franceses levaram apenas uma hora e meia para encontrar a tonelada de cocaína distribuída em 40 sacos escondidos na sala de ginástica do navio.
Vinte marinheiros de várias nacionalidades – etíopes, romenos, filipinos – foram detidos e 19 deles, indiciados na Justiça.
Durante os interrogatórios, alguns contaram que viram a droga ser embarcada logo depois que o cargueiro deixou o porto de Aratu, na Bahia.
Um maquinista fez uma descrição detalhada: “De repente, em alto mar, um grupo de seis a oito homens, vestindo macacões azuis, subiu a bordo com mochilas que entravam cheias e deixavam o navio vazias”.
Esses “visitantes misteriosos” não tiveram suas identidades registradas no barco, como manda a regra, o que faz a polícia francesa acreditar que os traficantes contavam com a cumplicidade de membros da tripulação.
Sequestro e violência
Um segundo evento inesperado aconteceu no navio, desta vez dentro do porto de Dunquerque. Na madrugada de domingo (10) para segunda-feira (11), um grupo de cinco a dez homens armados com bastões, falando inglês entre eles, invadiram o cargueiro e tomaram como refém a nova equipe de marinheiros que tinha sido enviada pelo armador.
Os novos tripulantes foram amarrados e violentamente agredidos. Cinco horas mais tarde, depois de vasculharem o navio acompanhados pelo capitão, os piratas fugiram sem ser incomodados.
Se eles sabiam que a droga tinha sido apreendida, o que mais vieram buscar? Os policiais franceses estão, agora, diante de duas incógnitas: precisam descobrir que grupo de traficantes embarcou a cocaína no “Trudy”, ainda no litoral brasileiro, e se havia outro produto contrabandeado no navio.
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Fonte: G1 Mundo