Os cabo-verdianos vão às urnas neste domingo (17) para escolher o próximo presidente do país. Sete candidatos concorrem para o cargo atualmente ocupado por Jorge Carlos Fonseca, que deixa o posto após dois mandatos. Na corrida eleitoral cabo-verdiana estão sete candidatos (da esq. para direita): Carlos Veiga, Casimiro de Pina, José Maria Neves, Fernando Rocha Delgado, Joaquim Monteiro, Hélio Sanches e Gilson Alves
Fotomontagem RFI/ Wikipédia/ Captura de tela e RFI
Os cabo-verdianos vão às urnas neste domingo (17) para escolher o próximo presidente do país. Sete candidatos concorrem para o cargo atualmente ocupado por Jorge Carlos Fonseca, que deixa o posto após dois mandatos.
Enquanto muitos países da região enfrentam golpes de Estado ou líderes que fazem tudo para permanecer no poder, o pequeno arquipélago lusófono é visto como um modelo de estabilidade democrática na região africana.
Cerca de 400 mil eleitores foram convocados para participar do pleito, disputado entre Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, José Maria Neves, Carlos Veiga, Hélio Sanches, Casimiro de Pina e Joaquim Monteiro.
Ao contrário dos vizinhos, o Cabo Verde é classificado como um dos melhores países africanos em termos de governança.
A ex-colônia portuguesa, independente desde 1975, viveu sob um regime de partido único até 1990, quando foram realizadas as primeiras eleições democráticas. Desde então, os cabo-verdianos vivem sob um regime politicamente estável, no qual o executivo é controlado pelo primeiro-ministro.
O atual presidente, no poder desde 2011, não pode tentar um terceiro mandado. Além disso, o candidato eleito tem apenas um papel de representação no exterior, além de designar o chefe do governo em função do resultado das eleições legislativas.
“Somos um pequeno arquipélago, com uma pequena população. E temos a tradição de governos civis”, resume a socióloga Roselma Evora, para explicar a estabilidade política cabo-verdiana, em uma região na qual as transições políticas nem sempre acontecem de forma pacífica.
“Também temos uma configuração constitucional de separação de poderes, com um sistema parlamentar”, completa, lembrando que mesmo que o chefe de Estado possa vetar a promulgação de uma lei e seja o comandante das Forças Armadas, o essencial do poder se concentra nas mãos do premiê.
Uma configuração que pode afetar o índice de participação, com eleitores desmotivados com o pleito presidencial. “Não vou votar porque não vai mudar em nada a minha vida, por isso escolho não votar”, declarou Adilson, designer cabo-verdiano ouvido nas ruas da cidade da Praia.
“Se é para ficar à espera numa fila e correr o risco de ficar infectado, acho que não é seguro porque há muitas pessoas que vão votar e sem controle”, disse ainda, lembrando o contexto sanitário.
Estabilidade política, mas instabilidade econômica
Além de afetar motivação dos eleitores para ir às urnas, a pandemia também mudou a economia do país. Pois apesar da relativa estabilidade política, o Cabo Verde é dependente do turismo, que representa 25% de seu Produto Interno Bruto. E a Covid-19 acabou estremecendo as finanças cabo-verdianas.
Em 2019 o arquipélago recebeu 800 mil turistas. Mas em 2020, após anos de crescimento (5,7% e 2019 e 4,5% em 2018), o Cabo Verde registrou uma queda no número de visitantes, seguida de uma recessão histórica, na casa dos 14%. A maioria dos hotéis fechou suas portas e muitos cabo-verdianos, que atuavam no setor, perderam seus empregos.
Além disso, o Cabo Verde importa 90% do que consome, em parte em razão de sua topografia vulcânica, com apenas 10% do território cultivável, o que cria uma certa fragilidade econômica. O envio de dinheiro da diáspora também representa 14% do PIB segundo o Banco Mundial.
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Fonte: G1 Mundo