Usuários dizem que precisam esperar muito tempo porque intervalos são longos. Condutores, que cobram melhores condições de trabalho e reajuste salarial, suspenderam a greve para negociações. Após fim da greve dos motoristas, sindicato diz que todos os ônibus voltarão a circular
Os passageiros que dependem do transporte público em Palmas dizem que está complicado andar de ônibus nesta terça-feira (28) mesmo após o fim da greve dos motoristas, que durou menos de 24 horas. Os condutores cobram melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Apesar da movimentação mais tranquila e do sindicato que representa a categoria garantir que toda a frota voltou a circular, os usuários reclamam dos longos intervalos feitos pelas linhas de ônibus. (Veja o vídeo)
Jair Gomes, que esperava ônibus na estação Apinajé, no centro de Palmas, disse que não foi fácil embarcar. “Hoje foi mais ou menos. Porém ainda está tendo essa demora por causa da greve. Mas está complicado ainda”, disse o jovem.
“Demora, demora, demora”, disse outra passageira sobre os intervalos feitos pela linhas.
A greve dos motoristas começou na manhã desta segunda-feira (27), quando somente 50% dos motoristas trabalharam. As principais reivindicações da categoria são a redução do período de intrajornada das atuais 5h40 para, no máximo, 2h. Além do reajuste de salário referente aos dois últimos anos, cujo percentual acumulado seria de 10,22%.
Durante todo o dia as estações da região central e sul da capital ficaram lotadas. Isso porque as linhas de ônibus funcionaram com quantidade de veículos reduzida e faziam poucas paradas. Foi possível encontrar vários pontos de aglomerações de pessoas que tentavam entrar em ônibus cheios.
Já durante a tarde houve uma audiência entre o representante dos motoristas e o sindicato das empresas de ônibus na Justiça do Trabalho. A greve foi suspensa por 30 dias, enquanto os envolvidos voltarão a discutir as reivindicações com mediação do Ministério Público do Trabalho.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Operadores de Máquinas do Estado do Tocantins (Simtromet), José Antônio de Carvalho, informou que para voltar a operar levou em consideração os reflexos da pandemia.
“A questão do tratamento ao usuário. O usuário já vem sofrendo há anos com essa questão de lotação, ainda mais com a questão da pandemia e a greve agravava mais ainda”, disse José Antônio.
A categoria afirma que a jornada de trabalho tem sido exaustiva e pede melhores condições de trabalho. Uma das principais reivindicações é a redução intrajornada, pois o intervalo de um motorista do transporte público chega a 5h e 40 minutos. Além disso, o sindicato que representa os motoristas afirma que os trabalhadores estão há dois anos sem reajuste.
Estação em Palmas registrou pouca movimentação no início do dia
Aurora Fernandes/TV Anhanguera
Segundo o sindicato, as empresas de ônibus alegam que o reajuste depende do repasse que a Prefeitura de Palmas se comprometeu a fazer para que não houvesse aumento da tarifa. Só que isso ainda não aconteceu.
Em maio desde ano o sindicato das empresas do transporte coletivo chegou a ser notificado pelo Procon por anunciar um aumento de 68% no valor da passagem. No mês seguinte a Justiça negou o pedido da empresa para aumentar valor da tarifa para R$ 6,91.
Suspensão da greve
Confira os principais pontos do acordo firmado entre o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Operadores de Máquinas do Estado do Tocantins (Simtromet) e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Seturb) para suspender a greve:
A greve será imediatamente suspensa a partir da zero hora do dia 28/9/2021, garantida até a meia-noite de hoje o percentual mínimo de 50%, inicialmente prometido pelo sindicato laboral;
As empresas comprometem-se a não descontar o salário dos trabalhadores que tenham aderido à greve no dia de hoje, sem prejuízo de ajustarem compensação de horas ou outra negociação com o sindicato laboral;
As categorias aceitam uma trégua de 30 dias, sem greve e com o retorno à mesa de negociação, com a mediação do Ministério Público do Trabalho, como já agendado para o dia 30/9/2021;
A mesa de negociação examinará as propostas da presidência e do Ministério Público do Trabalho apresentadas nesta data, sem prejuízo dos demais encaminhamentos necessários ao bom termo das tratativas, inclusive quanto às cláusulas de conteúdo econômico que as categorias já iniciaram pré-acordo;
Em não havendo acordo entre as partes perante o Ministério Público, o sindicato laboral estará liberado para promover Dissídio Coletivo Normativo perante o Tribunal, dispensada qualquer intervenção desta Corte para a validade do acordo, em sendo acertado, como convenção coletiva entre as categorias;
No caso de ajuizamento de Dissídio Coletivo Normativo, após expirado o prazo de 30 dias para mediação, será havido como dado o “mútuo acordo” exigido pelo art. 114, § 2º, da Constituição Federal;
O Município de Palmas buscará viabilizar os repasses prometidos para permitir a plena negociação entre as partes, no prazo de 15 dias;
No caso de persistência do estado de greve, ou sua deflagração antes de decorrido o prazo de 30 dias estabelecido, o sindicato patronal poderá considerar o descumprimento do presente acordo para definição de penas a serem fixadas pelo Tribunal.
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Fonte: G1 Tocantins