As mulheres foram proibidas de trabalhar. O Talibã afirma que não vai proibir as meninas de frequentar a escola, mas há indicações contrárias a essa fala. Afeganistão sob o Talibã: estudante que abandonou estudo escreve poema a outras mulheres
O Talibã voltou ao poder no Afeganistão ao retomar Cabul, em 15 de agosto e, há cerca de um mês, os últimos militares dos Estados Unidos deixaram o país.
Nas primeiras entrevistas e discursos que os dirigentes do grupo extremista deram, eles tentaram dar um verniz mais progressista ao grupo, dizendo que, desta vez, as mulheres não seriam proibidas de estudar.
No entanto, na prática, as mulheres têm encontrado barreiras e medo para poder frequentar as escolas, como disseram duas delas que moram em Cabul ao g1.
Talibãs na porta do colégio
Uma diretora de colégio da cidade afirmou que tem receio de dar entrevista e expor sua escola, alunos, professores e ela mesma a um perigo maior.
O Talibã tem ido ao portão da instituição muitas vezes, ela afirma, e sempre faz muitas perguntas. “Nós estamos em uma terrível situação”, afirmou.
Membro do Talibã conversa com manifestantes mulheres enquanto outro tenta bloquear a visão da câmera com a mão durante protesto realizado do lado em frente a uma escola em Cabul, capital do Afeganistão, em 30 de setembro de 2021
Bulent Kilic/AFP
Há milhares de alunos que pararam de ir às aulas porque as escolas fecharam. Professores deixaram o Afeganistão quando o Talibã voltou ao poder.
O novo governo afirmou que as mulheres poderão voltar a estudar, desde que estejam separadas dos homens. No entanto, há sinais de que as proibições serão de outra natureza.
O reitor da Universidade de Cabul já afirmou que, por ele, mulheres não vão frequentar o ensino superior.
Mulheres no mercado de trabalho
O novo governo é composto inteiramente por homens, e as mulheres foram proibidas de voltar ao trabalho —o grupo afirmou que se trata de uma proibição temporária, por motivos de segurança.
Uma outra moradora de Cabul, ex-funcionária do Ministério da Mulher que pede para não ser identificada, contou ao g1 que simplesmente parou de sair de casa desde que o Talibã voltou ao poder.
Ela diz que trabalhou no ministério durante três anos e conta que realmente gostava da vida anterior à retomada do poder pelo Talibã, mas que, agora, quase não sai de casa e, quando sai, usa uma burca.
Mulheres afegãs protestam em Cabul, em 3 de setembro de 2021
Wali Sabawoon/AP
Não é só ela, afirma, há outras mulheres que trabalhavam e tiveram que parar.
Ela disse que ficou com medo de mandar a filha de volta para a escola, e que sua irmã abandonou o colégio. O Talibã tem representantes em todos os lugares, inclusive nas escolas, afirma.
A repressão, diz ela, não atinge só as mulheres: ela conta que um primo dela apanhou na rua por estar de calça jeans.
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Fonte: G1 Mundo