Promotores do governo de Joe Biden tentam impedir escalada de leis anti-aborto que ganham terreno em estados governados por republicanos nos EUA. Nova lei do Texas impede direito ao aborto
O juiz federal Robert Pitman determinou nesta quarta-feira (6) a suspensão da lei de aborto recentemente aprovada no Texas — a mais restritiva adotada nos Estados Unidos (entenda mais no VÍDEO acima).
A legislação estabelecia que qualquer pessoa poderia processar pessoas e estabelecimentos que praticassem o procedimento a partir do momento em que fosse detectado batimento cardíaco no feto, o que só costuma ocorrer depois das seis semanas após a menstruação.
Além disso, quem denunciasse poderia ganhar até US$ 10 mil. Ou seja, na prática, a lei inviabilizava quase todas as formas de aborto no Texas.
Aprovada por homens, lei de aborto do Texas torna cidadãos fiscais da vida alheia
Mesmo com a determinação judicial, dificilmente as clínicas voltarão a operar como antes — ao menos em um primeiro momento. Segundo a agência Associated Press, há o temor de que a medida seja rapidamente revertida, o que levaria insegurança jurídica aos médicos e mulheres que tenham abortado.
Embate sobre o aborto
Protestos pelos direitos reprodutivos em Austin, no Texas, em 2019
Jay Janner/Austin American-Statesman via AP
A decisão desta quarta é fruto de uma série de processos instalados pelo governo de Joe Biden, que tenta manter a autorização para o aborto no país. Os EUA autorizam a prática desde a década de 1970, quando o caso “Roe x Wade” foi julgado na Suprema Corte. Estados governados por republicanos conservadores, porém, vêm tentando estabelecer mecanismos legais para proibir o aborto, driblando a decisão.
Brian Netter, procurador do Departamento de Justiça, criticou em audiência na sexta-feira a lei texana, argumentando que os estados não podem passar por cima da decisão do Supremo como o Texas fez. “Um estado não pode proibir o aborto a partir das seis semanas. O Texas sabia disso, mas quis fazer de qualquer forma”, acusou Netter.
“Então, o estado recorreu a um esquema sem precedentes de justiça vigilante feito para assustar quem pratica o aborto e outras pessoas que querem ajudar as mulheres a exercerem seus direitos constitucionais”, emendou o procurador.
Fonte: G1 Mundo