Donas de casa voltam à escola depois de 50 anos para aprender a usar a tecnologia

0
91

Maria do Carmo da Silva, 73 anos, e Gilda Joana da Silva, 72 anos, estudam nas turmas da EJA na Escola Estadual Morro do Mato, em Goianorte

Motivadas pelas exigências tecnológicas, as senhoras Maria do Carmo da Silva, 73 anos, e Gilda Joana da Silva, 72 anos, retomaram os estudos depois de 50 anos fora da escola. Maria do Carmo deseja aprender a utilizar o seu cartão do banco, e Gilda almeja ter maior aproximação da família e amigos por meio do aplicativo WhatsApp. Esses foram os motivos que levaram as duas estudantes a buscarem as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Estadual Morro do Mato, localizada em Goianorte.

As duas estudantes cursam o 1º segmento, mas já perceberam que os estudos estão modificando suas vidas. “Voltei para a escola para aprender a ler e a escrever corretamente. Não tinha estudado antes, porque a fazenda dos meus pais ficava distante da escola e tive que ajudar a cuidar dos meus irmãos”, contou Maria do Carmo.

Gilda também falou das dificuldades em frequentar uma escola na idade certa. “Eu tinha que trabalhar na roça para ajudar a colocar alimentação em casa”, frisou.

Encantadas com as novas perspectivas que a escola oferece, as duas estudantes aproveitam o máximo que podem para aprender. Elas estudam no período noturno e, durante a pandemia, com a implementação das atividades não presenciais nas escolas, receberam materiais didáticos para estudarem em casa, como os cadernos de Matemática e Língua Portuguesa. Além disso, elas contam com a ajuda dos professores e coordenadores pedagógicos que sempre ligam para saber como elas estão, ou se há alguma dificuldade para aprender.

Maria do Carmo expressa uma vida sem estudos. “Sem essa oportunidade de aprender, a vida fica mais triste, sem esperança de uma vida melhor”, comentou. Para Gilda, uma vida sem estudos é como uma lâmpada apagada. “Viver sem saber ler ou escrever é viver no escuro, sem a luz do dia. Por isso falo para os jovens acordarem para a vida e estudarem mais”, destacou.

A diretora da escola, Jubiane Alves de Souza, explicou que a unidade de ensino tem um cuidado especial com os alunos da EJA. “Para manter contatos com esses estudantes, cuja maioria não utiliza as redes sociais, ligamos para eles. E os que estão tendo dificuldades para aprender, agendamos dois dias por semana para eles irem até a escola e lá um professor tira as dúvidas e dá as orientações necessárias. Fazemos isso observando os protocolos de segurança e como forma de motivá-los a não desistirem de estudar”, explicou Jubiane.

A educadora Maria Rita Rodrigues Amaral, assessora da Educação de Jovens e Adultos, Diversidade e Escola do Campo da Diretora Regional de Educação de Guaraí, esclareceu que mantém contato constante com a escola e com os professores. “Estamos ligando para saber como está acontecendo o processo de busca e devolução das atividades e como os professores estão fazendo esse trabalho. E quando recebi o depoimento dessas duas senhoras, me senti realizada profissionalmente. Fico muito feliz com essas histórias”.

 

Por: Josélia de Lima/Governo do Tocantins