Dois mil migrantes tentam entrar em território espanhol, e dezoito morrem; veja imagens

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Tentativa em massa ocorreu na cidade autônoma de Melilla, território espanhol que fica no norte da África e é uma das duas únicas ligações por terra entre África e Europa. Com cacetetes e pedaços de pau, policiais espanhóis e grupo de migrantes que conseguiram saltaram cerca que separa Marrocos da cidade espanhola de Melilla, no norte da África, se enfrentam, em 24 de junho de 2022.
Javier Bernardo/ Associated Press
Dezoito migrantes de países da África morreram na madrugada deste sábado (25) após uma tentativa de um grupo de duas mil pessoas de entrar à força na cidade autônoma de Melilla, um território espanhol no norte da África e uma das fronteiras mais problemáticas da União Europeia.
Melilla e a vizinha Ceuta, também espanhola, são separadas de território marroquino por grandes cercas, que constantemente imigrantes vindos de toda a África tentam pular. Com frequência, grupos numerosos tentam invadir em conjunto os postos fronteiriços. Se conseguirem passar dali, eles são levados a centros de detenção de migrantes da Espanha e podem solicitar asilo e refúgio.
Observados por policiais espanhóis, migrantes escalam cerca que separa Marrocos de Melilla, cidade espanhola no norte da África, em 24 de junho de 2022.
Javier Bernardo/ Associated Press
Segundo o governo de Melilla, 133 dos cerca de 2.000 migrantes que tentaram atravessar a fronteira conseguiram chegar à cidade “após romper com um alicate a grade de acesso do posto de controle fronteiriço”.
Autoridades marroquinas afirmaram que 13 dos 18 mortos haviam sido levados a hospitais locais com ferimentos graves decorrentes da invasão. Em seu primeiro balanço, as autoridades da província de Nador assinalaram que 76 migrantes tinham ficado feridos, 13 deles com gravidade, além de 140 policiais, cinco deles em estado crítico.
A polícia espanhola afirmou que outros 57 migrantes que conseguiram pular a cerca também ficaram feridos, além de 49 agentes da Guarda Civil do país, e foram levados a um hospital da cidade.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sándchez, falou sobre o caso e agradeceu a “parceria” entre as polícias de seu país e a do Marrocos.
“Quero agradecer em nome do governo da Espanha a extraordinária cooperação que estamos tendo com o Reino do Marrocos, e que demonstra a necessidade de ter a melhor das relações […] em matéria de luta contra a imigração irregular”, declarou Sánchez.
Esta é a primeira grande tentativa de entrada ilegal desde que a Espanha e o Marrocos superaram uma crise diplomática que durou meses e colocou em risco acordos em matéria migratória entre os dois países.
A crise começou depois de a Espanha acolher, em abril de 2021, o líder da Frente Polisário, o movimento independentista do Saara Ocidental, Brahim Ghali, para ser tratado de covid-19 em um hospital do país. O Marrocos reivindica sua soberania sobre o Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola.
Ceuta e Melilla, as portas de entrada da UE
O ápice da crise hispano-marroquina ocorreu em maio de 2021, quando, se aproveitando do relaxamento dos controles por parte das autoridades marroquinas, cerca de 10.000 imigrantes entraram em Ceuta.
Apesar de Madri e Rabat terem restaurado suas relações, Pedro Sánchez avisou em junho que “a Espanha não vai tolerar a instrumentalização da tragédia da imigração irregular como arma de pressão”.
A melhora das relações com Marrocos, plataforma de saída da maioria dos imigrantes irregulares que chegam ao litoral espanhol, provocou uma redução das chegadas.
Assim, a quantidade de emigrantes que desembarcaram em abril no litoral do arquipélago espanhol das Canárias, o primeiro mês da volta à normalidade bilateral, já foi 70% menor que em fevereiro, segundo dados do Ministério do Interior espanhol.
Madri, que será sede da cúpula da Otan entre os dias 28 e 30 de junho, discutirá com seus aliados o tema da emigração irregular como instrumento de pressão entre países, como “ameaça híbrida”, não convencional.
Ceuta e Melilla constituem as duas únicas fronteiras terrestres entre a UE e o continente africano, e milhares e milhares de emigrantes subsaarianos sonham em alcançá-las como primeiro passo para sua instalação na Europa.

Fonte: G1 Mundo