Após crise de 1929, governo dos EUA pagou escritores desempregados para entrevistar os últimos negros que haviam passado pela escravidão. Brasil não tem memória semelhante. Após crise de 1929, governo dos EUA pagou escritores desempregados para entrevistar os últimos negros que haviam passado pela escravidão. Brasil não tem memória semelhante
BIBLIOTECA DO CONGRESSO AMERICANO via BBC
“Meu Deus, minha senhora, nunca ninguém lhe contou que era contra a lei ensinar um negro a ler e a escrever nos tempos da escravidão? Os brancos lhe cortavam a mão fora por essas mais do que por quase qualquer outra coisa.”
“Isso é só jeito de dizer, cortar a mão fora. Ora, senhora, um negro sem mão não ia ter como trabalhar muito, e o dono não ia conseguir vendê-lo por um preço nem parecido com o que ganharia por um escravo com mãos boas. Eles só espancavam ele a valer quando o pegava estudando como se faz para ler e escrever.”
O relato é de William McWhorter, homem negro americano que viveu a experiência da escravidão no Estado sulista da Geórgia. As memórias dele foram colhidas em 1938, quando tinha 78 anos, pelo Projeto Federal de Escritores (Federal Writers’ Project).
Esse projeto foi criado durante a presidência de Franklin D. Roosevelt (1933-1945), como parte de uma série de iniciativas de sua administração para tentar reviver a economia americana após a Grande Depressão, iniciada em 1929. Nesta ação, escritores profissionais e aspirantes foram contratados pelo governo dos Estados Unidos para entrevistar ex-escravizados idosos.
Entre 1936 e 1938, esses entrevistadores percorreram 17 Estados ouvindo homens e mulheres já próximos da morte e que, em sua maioria, haviam vivido a escravidão quando crianças. As conversas resultaram em mais de 2 mil narrativas datilografadas, enviadas para Washington.
Esse material só viria a ser publicado na década de 1970, quando o fortalecimento do Movimentos dos Direitos Civis — que lutava pela igualdade para a comunidade negra nos Estados Unidos — trouxe um anseio por entender melhor o passado racista do país.
Atualmente, o material está todo disponível no site da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. No Brasil, uma seleção desses relatos foi publicada no ano passado, no livro Nascidos na escravidão: Depoimentos norte-americanos, lançado pela editora Hedra.
Nascidos na escravidão: Depoimentos norte-americanos
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Mudando o quadro pintado pelos senhores
“Até a metade do século 20, os historiadores americanos entendiam o cativeiro como uma ‘escola da civilização’, uma instituição que elevava o negro da vida supostamente bárbara na África, para uma vida civilizada nos Estados Unidos. Nesse sentido, eles entendiam que o cativeiro era resignadamente aceito pelos cativos”, diz Tâmis Parron, organizador da edição brasileira e professor do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O historiador, especialista em escravidão, geopolítica e economia do século 19, conta que as narrativas colhidas pelo Projeto Federal de Escritores ajudaram a mudar essa visão.
“Com os depoimentos dos escravizados diante dos olhos, os historiadores revisaram esse quadro róseo da vida escrava, pintado com o pincel dos senhores”, afirma.
“De um lado, os historiadores passaram a ter relatos em primeira mão das práticas de tortura na plantation, do que a escravidão tinha de pior e de mais desumanizador”, diz Parron — plantation era o sistema agrícola baseado na monocultura de exportação, latifúndio e mão de obra escrava.
“Do outro lado, eles começaram a entender as estratégias pelas quais os escravos, mesmo numa posição subordinada, lutavam por manter sua dignidade na família, nas práticas culturais e religiosas e na resistência.”
O pesquisador lembra que o recolhimento de relatos em primeira pessoa de escravizados tem uma origem mais antiga nos Estados Unidos. A prática foi uma estratégia editorial do ativismo abolicionista americano, como forma de desmentir a ideia de que os escravos eram felizes no cativeiro.
Para Parron, a ausência dessa tradição talvez explique por que, no Brasil, não foram colhidos relatos dos um dia escravizados quando essas pessoas ainda estavam vivas para contar suas histórias.
“O abolicionismo brasileiro não sentiu a necessidade de colher esses relatos porque, sendo o Brasil uma nação escravista de Norte a Sul [diferentemente dos Estados Unidos, onde a escravidão estava concentrada no Sul e o movimento abolicionista no Norte do país], todo mundo tinha contato direto com a escravidão”, avalia o pesquisador.
“Por aqui, a publicação da voz do escravizado não produzia o mesmo efeito de escândalo que produzia numa sociedade sem escravidão [como o Norte dos Estados Unidos]”, afirma.
“Então não encontramos um recolhimento em massa de depoimentos dos escravizados. Encontramos suas vozes aqui e acolá, em cartas de ex-escravizados. E temos, por exemplo, o relato do [africano escravizado no Brasil Mahommah] Baquaqua, que conseguiu se livrar da escravidão e foi parar nos Estados Unidos. Por isso temos o relato dele.”
Para o professor da UFF, a ausência desses relatos no Brasil tem consequências até hoje.
“Essas escolhas vão se acumulando no tempo e acabam produzindo uma naturalização das desigualdades socio-raciais”, diz Parron. “Cada vez que uma voz dessas é silenciada, há uma despolitização da raça como um fator de construção da desigualdade humana.”
Confira uma seleção de alguns dos relatos mais impactantes dos últimos americanos um dia escravizados, reunidos no livro Nascidos na escravidão: Depoimentos norte-americanos.
Os trechos entre colchetes — […] — foram acrescentados pela BBC News Brasil para dar clareza a alguns termos que podem não ser tão conhecidos hoje em dia.
Comida em cocho
“As crianças mais jovens eram alimentadas de um cocho [comedouro para rebanho] de seis metros de comprimento. Sempre na hora das refeições, o senhor vinha supervisionar a cozinheira cujo dever era encher o cocho de comida.
No desjejum, o leite e o pão eram misturados no cocho pelo senhor, que usava sua própria bengala. No almoço e no jantar, as crianças recebiam caldo de vegetais e pão, e às vezes leite misturado da mesma maneira.
Todos se mantinham afastados até o senhor terminar de misturar a comida e, dado o sinal, corriam para o cocho, onde começavam a comer com as mãos. Alguns até mergulhavam suas bocas no cocho para comer.
Algumas vezes, os cães e alguns dos porcos do senhor que corriam soltos no pátio se dirigiam ao cocho para participar da refeição. (…) eles não tinham permissão para bater em nenhum desses animais de modo a afastá-los, então colocavam as mãos nos lados do rosto enquanto comiam para protegê-los das línguas dos intrusos.
Durante a refeição, o senhor caminhava de uma ponta à outra do cocho para garantir que a situação estava como deveria.”
— George Womble. Nascido em 1843, viveu em situação de escravidão no Alabama e foi entrevistado na Geórgia, aproximadamente aos 93 anos.
Ama de leite
“Quando o assunto era trabalho, nunca se tinha folga nenhuma.
Quando os escravos voltavam do eito [roçado] depois do pôr do sol e cuidavam do gado e da janta, os homens ainda tinham que debulhar milho, consertar canga de cavalo [objeto de couro usado no pescoço do animal para ligá-lo a uma carroça ou arado], cortar madeira e coisas assim; as mulheres costuravam, fiavam, teciam e algumas tinham que ir para a casa grande e dar de mamar para os bebês dos brancos.
Uma noite, minha mãe tinha dado de mamar para um dos bebês brancos e depois que ele pegou no sono, ela foi colocar ele na caminha.
O pé da criança se prendeu nos suspensórios do senhor Joe, que ele tinha pendurado no pé da cama, e quando ele escutou o bebezinho chorando, o senhor Joe acordou, agarrou um pedaço de pau e bateu na cabeça da minha mãe até que quase matou ela.
Minha mãe nunca ficou bem de verdade depois disso, e quando morreu ainda tinha um calombo enorme na cabeça.”
— William McWhorter. Viveu em situação de escravidão na Geórgia e foi entrevistado no mesmo Estado, aos 78 anos.
Filhos do senhor
“Uma vez, o senhor foi a Baton Rouge [capital da Louisiana] e trouxe de volta uma moça mulata vestida toda elegante. Era uma negra costureira. Ele construiu uma casa para ela longe da senzala e ela fazia a costura fina para os brancos.
Os negros sabiam que o doutor pegava uma negra como pegava uma branca e pegava quem bem entendia nas suas terras, e pegava bastante.
Mas quase todas as crianças que nasciam por lá pareciam negras. Tia Cheyney sempre disse que quatro dos dela eram do senhor, mas ele não dava bola para eles.”
— Mary Reynolds. Viveu em situação de escravidão na Geórgia e foi entrevistada no Texas, aos 105 anos.
Mary Reynolds, 105 anos
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Banho de salmoura
“Querida, eu não gosto de falar daquela época, porque minha mãe sofreu uma miséria. Tinha um feitor que costumava amarrar minha mãe no celeiro, com uma corda que passava ao redor dos braços e por cima da cabeça, com ela de pé por cima de um bloco. Assim que terminavam de amarrar, puxavam o bloco e os pés dela ficavam no ar. Não encostavam no chão, entende?
Esse velho batia nela pelada até o sangue correr pelas costas até o calcanhar. Eu vi os vergões e cicatrizes eu mesma, com esses dois olhos aqui.
Esse chicote era um relho, igual àqueles que usa nos cavalos, um pedaço de couro largo como a minha mão do mindinho até o dedão.
Depois que batiam na minha mãe, outro feitor… Meu Deus, meu Deus, eu odeio os brancos e a enchente ainda vai levar mais deles.
Bem, querida, esse outro homem dava um banho de salmoura nela. Você nem imagina como aqueles pedaços doíam. Arrã.
Perguntei à minha mãe o que ela tinha feito para baterem nela e fazerem tudo aquilo. E ela disse que nada, só que se recusou a ser esposa daquele homem.”
— Minnie Fulkes. Nascida em 25 de dezembro de 1859, viveu em situação de escravidão na Carolina do Sul e foi entrevistada na Virgínia, aos 77 anos.
Prato quebrado
“‘Se eu fui castigada? Não, senhora, eu não fui’.
(Aqui a filha, formada pela Universidade de Cornell, que estava na sala escutando se aproximou. ‘Abre a camisa, mamãe, e deixa a senhora decidir ela mesma’. Os olhos da velha senhora se arregalaram e ela se empertigou. Ela parecia envergonhada, mas a filha tirou sua camisa, expondo as marcas nas costas e nos ombros, que pareciam ter sido feitas por um chicote de couro trançado. Não havia dúvida alguma disso.)
‘Eu fui açoitada em público’, ela disse sem alterar a voz, ‘por quebrar pratos e por ser lenta. Eu estava com a senhora Carrington naquela época, logo antes do fim da guerra [a Guerra de Secessão, entre o Norte dos Estados Unidos e o Sul escravista, que culminaria no fim da escravidão].
Eu estava na cozinha, lavando os pratos, e deixei um cair. A senhora chamou o Sr. Blount King, um patrulheiro [homens que trabalhavam na captura de escravos fugitivos], e ele me deu o castigo que deixou essas marcas que a senhora vê em mim’.”
— Cornella Andrews. Viveu em situação de escravidão na Geórgia e foi entrevistada na Carolina do Norte, aos 87 anos.
Descalços na neve
“Chefe, eu nasci na Geórgia, em Norcross, e estou com noventa anos. O nome do meu pai era Rogert Stielszen e o da minha mãe era Betty. O senhor Earl Stielszen os capturou na África e levou para a Geórgia. Ele foi morto, então minha mãe e eu fomos para o seu filho.
O filho dele era um assassino. Ele se encrencou lá na Geórgia, então arranjou dois cavalos bem rápidos e uma carroça coberta, acorrentou todos os seus escravos e fez eles caminharem até o Texas.
Minha mãe e minha irmã tiveram que caminhar. Emma era a minha irmã.
No meio da estrada começou a nevar, mas o senhor não deixou a gente amarrar nada ao redor dos nossos pés. A gente tinha que dormir no chão também, com toda aquela neve.
O senhor tinha um chicote de couro cru trançado, bem grande e comprido, e quando um dos negros ficava para trás ou caía, ele atacava com aquele chicote. Tirava carne todas as vezes que ele acertava um negro.
Minha mãe não aguentou mais no caminho, mais ou menos na fronteira do Texas. Os pés delas ficaram sangrando em carne viva e as pernas se incharam até perder a forma. O senhor só puxou a arma e atirou nela, e enquanto estava morrendo no chão ele chutou duas, três vezes, dizendo: ‘Maldita negra, não aguentou nada’.
Chefe, pois sabe que aquele homem não enterrou mamãe, só deixou ela atirada lá onde matou ela. Naquela época não tinha lei nenhuma contra matar negros escravos.”
— Ben Simpson. Viveu em situação e escravidão no Alabama e foi entrevistado no Texas, aos 90 anos.
Casamento de negros
“Eu casei antes da guerra, com a cerimônia da vassoura [sem direito ao casamento legal, os casais de escravos se comprometiam em cerimônias informais, em que, diante de testemunhas, pulavam sobre um cabo de vassoura, marcando a união de suas vidas], que nem todo o resto dos escravos, mas venderam minha mulher antes da gente fazer um ano de casados, e então veio a guerra.”
— Clay Bobbit. Viveu em situação de escravidão no Texas e foi entrevistado na Carolina do Norte, aos 100 anos.
Clay Bobbit, 100 anos
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Doze filhos
“Além de mim, tinha mais outros 11 filhos na minha família. Quando eu tinha seis anos de idade, todos nós fomos tirados dos meus pais, porque meu senhor morreu e o seu espólio precisou ser liquidado.
Nós escravos fomos divididos pelo seguinte método. Três pessoas desinteressadas foram escolhidas para ir à fazenda, e juntas elas escreveram os nomes dos vários herdeiros em alguns pedaços de papel. Cada um tirou um papel e o nome no papel era o novo dono.
Por acaso eu tirei o nome de uma parente do meu senhor que era viúva. Não consigo descrever a angústia e o horror daquela separação.
Eu tinha só seis anos de idade e foi a última vez que vi minha mãe por mais que uma noite. Doze filhos tirados de minha mãe no mesmo dia.”
— John W. Fields. Nascido em 27 de março de 1848, viveu em situação de escravidão no Arkansas e foi entrevistado na Indiana, aos 89 anos.
John W. Fields, 89 anos
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Sermão
“Aos domingos, o Sr. House obrigava todos os seus escravos a irem à igreja branca, onde sentavam-se ao fundo ou na sacada interior.
Após pregar para o público branco, o pastor voltava sua atenção para os escravos. O sermão geralmente se conformava à seguinte linha: ‘Obedeçam seus senhores e senhoras e Deus vai amá-los’.
Às vezes, um pastor negro tinha permissão para pregar do mesmo púlpito após o pastor branco terminar. Seu sermão seguia uma linha semelhante, pois era isso que ele havia sido instruído a dizer.
Nenhum dos escravos acreditava nos sermões, mas eles fingiam acreditar.”
— Henry Wright. Viveu em situação de escravidão no Alabama e Mississipi e foi entrevistado na Geórgia, aos 99 anos.
‘Mamou nessas tetas negras e agora vem bater em mim’
“Ela (minha mãe) não trabalhava no eito. Ela trabalhava no tear, por tanto tempo e tantas vezes que uma vez pegou no sono.
O filho do senhor viu e contou para a mãe. A mãe mandou ele pegar o chicote e lhe dar uma lição. Ele pegou um pedaço de pau e foi acordá-la a pancadas. Ele bateu na minha mãe até acordá-la.
Quando acordou, ela puxou uma vara do tear e bateu nele de volta até quase matá-lo.
‘Não me bate mais, eu não vou deixar eles açoitarem você’, ele gritava. E ela respondeu: ‘Eu vou te matar. Mamou nessas tetas negras e agora vem aqui bater em mim’. E quando ela saiu, ele não conseguia mais caminhar.
E foi a última vez que a vi até a liberdade. Ela saiu e subiu em uma vaca velha que costumava ordenhar. Dolly, era assim que chamava. Ela foi-se embora da fazenda, porque sabia que iriam matá-la se ficasse”.
— Ellen Cragin. Viveu em situação de escravidão na Carolina do Sul e foi entrevistada no Arkansas, aos 80 anos.
Brancos ainda lincham e perseguem
“Os brancos sempre mantiveram os escravos em semiescravidão e ainda praticam as mesmas coisas com eles de formas diferentes. Os brancos ainda lincham, queimam e perseguem a raça negra na América e há pouco que estejam fazendo para ajudá-la.
[O presidente americano Abraham] Lincoln levou a fama por nos libertar, mas foi o que ele fez? Ele nos deu liberdade sem nos dar a chance de viver por conta e ainda precisávamos depender dos brancos sulistas para trabalho, comida e vestuário, e eles usaram nossa necessidade e privação para nos manter em um estado de servidão.
Lincoln não fez quase nada pela raça negra, e nada do ponto de vista dos vivos. Os brancos não vão fazer nada pelos negros além de mantê-los subjugados.
(…)
Você está andando por aí para ouvir a história das condições de escravidão e as perseguições dos negros antes da Guerra Civil e as condições econômicas deles desde a guerra. Após tanto tempo, você já devia saber tudo isso. Você vai nos ajudar? Não! Vai só ajudar a si mesmo.
Você diz que a minha história pode aparecer em um livro, que é do Projeto Federal dos Escritores. Harriet Beecher Stowe escreveu A cabana do pai Tomás [romance abolicionista americano do século 19, repudiado pela comunidade negra no século 20 por seus personagens considerados passivos e subservientes]. Não gostei do livro e odeio ela.
Não me importa de onde você é, não quero que escreva a minha história porque os brancos foram, são hoje e sempre vão ser contra os negros.”
— Thomas Hall. Viveu em situação de escravidão na Carolina do Sul e foi entrevistado na Carolina do Norte, aos 81 anos.
Liberdade
“Foi um dia feliz para nós escravos quando chegou a notícia que a guerra acabara e os brancos tinham que nos soltar. O senhor chamou seus negros até o pátio da casa grande, mas eu não fiquei por lá para ver o que ele tinha a dizer. Saí correndo daquele lugar, gritando o mais alto que podia.”
— Ed McCree. Viveu em situação de escravidão na Geórgia e foi entrevistado no mesmo Estado, aos 76 anos.
“Sim, senhor, eu fico contente que a escravidão acabou.”
— Milly Henry. Viveu em situação de escravidão no Mississipi e foi entrevistada na Carolina do Norte, aos 82 anos.
Fonte: G1 Mundo