Bolsonaro viaja aos Estados Unidos neste domingo para a 76ª Assembleia Geral da ONU

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Tradicional encontro de líderes mundiais teve edição virtual em 2020 em razão da pandemia; desta vez, ONU adotará modelo híbrido. Brasil abre lista de oradores desde a edição de 1955. O presidente Jair Bolsonaro embarca neste domingo (19) para Nova York, onde voltará a participar de forma presencial da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Será o terceiro discurso de Bolsonaro no evento desde a posse no cargo, em 2019.
A abertura do debate geral dos chefes de Estado e de governo está prevista para a próxima terça-feira (21). Desde a 10ª Assembleia Geral, em 1955, o presidente do Brasil só não foi o primeiro a usar a palavra em duas ocasiões, em 1983 e 1984.
Em 2020, a assembleia foi realizada em ambiente virtual em razão da pandemia de Covid. Sem reunião presencial pela primeira vez em 75 anos, os líderes mundiais enviaram vídeos gravados que foram transmitidos durante a reunião.
Desta vez, a ONU definiu um formato híbrido para a 76ª edição da Assembleia Geral. Haverá declarações presenciais e outras gravadas – Bolsonaro optou por viajar a Nova York.
A resposta dos países à pandemia e a necessidade de preservação do meio ambiente devem estar na pauta dos principais discursos da Assembleia Geral deste ano.
O tema oficial do evento, divulgado pela ONU, é: “Construindo resiliência por meio da esperança – para se recuperar de Covid-19, reconstruir a sustentabilidade, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”.
Veja abaixo informações sobre o alerta recente feito pela Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU, sobre as mudanças climáticas:
Organização Meteorológica Mundial, da ONU, afirma que o ritmo da mudança climática não foi desacelerado pela pandemia
Discurso de Bolsonaro
O discurso do presidente Jair Bolsonaro está entre os que devem abordar a pandemia e o meio ambiente. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta (16), Bolsonaro disse que “a Covid-19 é um assunto que ainda está presente no mundo todo”.
O presidente disse que terá reuniões bilaterais nos Estados Unidos e que a participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, será “muito importante”.
“Vou fazer o discurso de abertura. Um discurso tranquilo, bastante objetivo, focando os pontos que interessam para nós. É um palanque muito bom para isso também, serve como palanque, aquilo lá. Vamos mostrar objetivamente o que é o Brasil, o que estamos fazendo na questão da pandemia, coisa que somos atacados o tempo todo né, bem como o agronegócio, a energia no Brasil”, afirmou o presidente na transmissão.
Em relação ao meio ambiente, Bolsonaro disse que usará o discurso para se manifestar contra a tese do “marco temporal” para demarcação de terras indígenas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga se é válido o critério que prevê demarcação apenas para as terras comprovadamente ocupadas pelos indígenas na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
“O que eu devo falar? Algo nessa linha. Se o marco temporal for derrubado, tivermos que demarcar novas áreas indígenas, […] isso vai ter um impacto direto naquilo que se produz no campo, nas commodities do campo, na agricultura e pecuária. A produção vai cair bastante”, declarou o presidente.
Segundo Bolsonaro, a derrubada do marco temporal resultará no aumento dos preços dos alimentos pois, diz o presidente, há um crescimento da demanda mundial por alimentos. O presidente diz que a alteração do critério do marco temporal fará crescer o número de terras indígenas demarcadas, o que diminuiria a produção agrícola, de acordo com Bolsonaro.
“A gente espera que o Supremo Tribunal Federal mantenha esse marco temporal lá de trás, de 1988, para o bem do Brasil e para o bem do mundo também. Tem gente lá fora pressionando aqui no Brasil pelo novo marco temporal, ou seja, para demarcar mais uma área equivalente aos países de Alemanha e Espanha juntos. Vai ter reflexo lá fora também”, disse o presidente.
Além do ministro da Saúde, devem compor a comitiva brasileira:
Carlos Alberto França, ministro das Relações Exteriores;
Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública;
Paulo Guedes, ministro da Economia;
Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente;
Gilson Machado, ministro do Turismo;
Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência;
Augusto Heleno, ministro-chefe hefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;
Eduardo Bolsonaro, deputado federal;
Flávio Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência;
Nestor Forster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América;
Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas;
Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal;
Michelle Bolsonaro, primeira-dama;
Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, convidado especial;
Paulo Angelo Liégio Matao, intérprete;
Claudia Chauvet, intérprete; e
Rachel Alves Bezerra, intérprete.
Participações anteriores
O presidente Bolsonaro estreou na Assembleia Geral da ONU em 2019. Ele falou sobre temas como preservação da Amazônia, soberania, socialismo, política externa, populações indígenas, Mercosul e conjuntura econômica.
Na ocasião, Bolsonaro disse que tem “compromisso solene” com a preservação do meio ambiente e acusou líderes estrangeiros de ataque à soberania do Brasil. E que a Amazônia “praticamente intocada” era uma prova de que o Brasil é “um dos países que mais protegem o meio ambiente”.
Relembre no vídeo abaixo:
Bolsonaro abre Assembleia Geral da ONU com discurso considerado agressivo
Em 2020, Bolsonaro afirmou que o Brasil era “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.
O presidente também disse que o Brasil tem a “melhor legislação” sobre o meio ambiente em todo o mundo e que o país respeita as regras de preservação da natureza. Veja no vídeo abaixo:
Bolsonaro aborda a produção agrícola e o desmatamento em cúpula da ONU
Para ele, a riqueza da Amazônia motiva as críticas que o país sofre na área ambiental. O presidente afirmou que entidades brasileiras e “impatrióticas” se unem a instituições internacionais para prejudicar o país.
O presidente declarou ainda que:
a Floresta Amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas;
os responsáveis pelas queimadas são o ‘índio’ e o ‘caboclo’;
o óleo derramado no litoral brasileiro em 2019 é venezuelano, foi vendido sem controle e chegou à costa após derramamento ‘criminoso’;
orientações para as pessoas ficarem em casa na pandemia ‘quase’ levaram o país ao ‘caos social’;
o Brasil é um país cristão e conservador, e a ‘cristofobia’ deve ser combatida.

Fonte: G1 Mundo