Mapeamento revela localização, vias de acesso rodoviário e principais atrativos.
As festas tradicionais, as belezas naturais, o artesanato, a culinária das comunidades indígenas e quilombolas do Tocantins estão mais acessíveis ao turista que busca vivenciar novas experiências. Para difundir as potencialidades do etnoturismo e facilitar o acesso aos visitantes, a Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc) formatou mapas turísticos específicos com rotas de acessos e principais atrativos do Estado. Esta é a primeira vez que o Estado realiza um mapeamento direcionado a estes grupos.
“Queremos incentivar a visitação a estas comunidades, torná-las protagonistas deste Estado que já tem suas belezas naturais reconhecidas nacional e internacionalmente; agora é a vez de mostrarmos o que temos de melhor, ou seja, o nosso povo”, revela o presidente da Adetuc, Tom Lyra, enfatizando que o trabalho de atração turística vai impulsionar a geração renda, por meio do estímulo a atividades da economia criativa, sendo este um dos pilares da gestão do governador Mauro Carlesse, que solicitou maior atenção aos indígenas e quilombolas.
Dados
Os mapas foram elaborados pela Superintendência de Desenvolvimento do Turismo, a partir de dados levantados junto à Fundação Nacional do Índio, Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam para a existência de 15.663 indígenas no Tocantins, distribuídos entre nove etnias e 190 aldeias. Já a população quilombola e remanescente está estimada em 9.680 pessoas (2.420 famílias), que vivem em 46 comunidades localizadas em 26 municípios.
“A compilação destes dados é fundamental para nortear os projetos da Pasta, em especial aqueles voltados à preservação cultural e ao desenvolvimento do turismo de vivência e de base comunitária nestas comunidades”, pontua o presidente da Adetuc.
Tom Lyra lembra que já estão em desenvolvimento três importantes projetos que impactam estas comunidades e estão inseridos no Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Tocantins (PDRIS), com recursos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). São eles, a pesca esportiva, a observação de aves e o levantamento de potencialidades das comunidades de Mumbuca e Boa Esperança, em Mateiros, do Prata, em São Felix do Tocantins, e Barra do Aroeira, em Santa Tereza do Tocantins.
Cultura e natureza
Mateiros é o município com maior número de comunidades quilombolas, 11 no total, somando 271 famílias e uma população total estimada em 2.684 pessoas. Por ser considerada a primeira exportadora de artesanato em capim dourado, Mumbuca é a mais conhecida, tem 65 famílias e já desenvolve turismo de base comunitária. Também no Jalapão, a Comunidade do Prata fica localizada no município de São Félix e também tem receptivo turístico organizado.
Mas o Estado possui muitas outras comunidades com histórico, valor cultural e potencial etnoturístico reconhecidos. É o caso de Lagoa da Pedra, em Arraias, que preserva a tradição da Roda de São Gonçalo; Morro São João, em Santa Rosa, onde ocorrem as Congadas durante os Festejos das Santas Almas Benditas, no Dia de Finados; Cocalinho, em Santa Fé do Araguaia, comunidade que preserva a dança do Lindô, originária das comunidades do Maranhão.
Entre as etnias indígenas, o interesse pela atração de turistas também é crescente. Na Ilha do Bananal, aldeias Karajá e Javaé recebem anualmente grande número de praticantes da pesca esportiva. Os Krahô, em parceria com uma operadora de turismo também estão recebendo visitantes durante suas principais festividades, enquanto os Xerente estão construindo o Centro de Fortalecimento da Cultura Xerente, na Aldeia Ktẽpo, distante cerca de 60 km de Tocantinía, para receber turistas e pesquisadores.
Censo
Em 2020, será a primeira vez que o Censo Demográfico do Brasil incluirá o perfil das comunidades quilombolas, ação que envolve a parceria da Fundação Palmares, que este ano iniciou a coleta de dados para o Cadastro Geral de Informações Quilombolas. São dois instrumentos complementares, pois enquanto o primeiro reunirá dados por domicílio, o segundo está compilando informações por comunidade. Desta forma, o País terá informações específicas sobre a composição/organização sociopolítica, cultural e econômica de seus núcleos quilombolas.